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Publicado em: 15/10/2025 às 14:08
Casa da Memória recebe visita de ex interna do Educandário Benedita Nogueira
Sirlei Rossetti ingressou na instituição em 1948, ao lado da irmã Maria José, e relembra sua infância e juventude no local; ela foi recepcionada pelo prefeito Irineu Maretto
Sirlei Rossetti e o prefeito Irineu Maretto em visita à Casa da Memória. Foto: Danilo Lima/Secom

 

A Casa da Memória “Pedro Pessotto Filho” recebeu nesta semana a visita de Sirlei Rossetti, uma das internas do Educandário Benedita Nogueira, que funcionou no prédio onde hoje é a Casa da Memória. Nascida em 1948, Sirlei ingressou na instituição em 1951, com três anos, ao lado de sua irmã, Maria José, com quatro anos. “Eu frequentei por dez anos e minha irmã, por oito”, disse. Durante a visita, Sirlei foi recepcionada pelo prefeito Irineu Maretto, já que atualmente o Gabinete do Prefeito funciona no mesmo local.

As irmãs costumam passar sempre pela Casa da Memória para relembrar momentos da infância e juventude que passaram no local. “Nós éramos supervisionadas pelas freiras, 24 horas por dia. Ficávamos sempre todas juntas até a noite, quando a gente rezava o terço e ia dormir. Como era muito cedo, ficávamos ouvindo a música que tocava no Cine Santa Helena, e foi assim que aprendemos várias canções”, lembra ela.

 

Maria José e Sirlei Rossetti. Foto: Acervo pessoal.

 

A rotina no Educandário era cheia de tarefas e começava cedo. Já às seis da manhã, as meninas acordavam, arrumavam a cama e iam tomar o café. Depois era o momento para fazer as tarefas escolares, já que elas frequentavam o colégio à tarde. “Quando terminávamos o dever, cada uma tinha um lugar determinado para limpar e o seu próprio material de limpeza. Tínhamos que cuidar dele também”, disse.

Ainda de manhã, as internas tinham aulas de trabalhos manuais como bordado, crochê e tricô, e desenvolviam o que tinham mais facilidade. Depois os trabalhos eram expostos na própria instituição, como mostram registros da época. “Aí a gente se aprontava para ir à escola. Depois do almoço, pegávamos o material escolar e nos despedíamos da madre superiora, a irmã Ubaldina”, conta Sirlei. Após o colégio, as meninas podiam brincar até o horário do jantar.

 

Foto: Acervo da Biblioteca Municipal.

 

Aprendizado para a vida toda

Além dos trabalhos manuais, as meninas também eram escaladas em duplas, toda semana, para arrumar a cozinha após as refeições e para prepararem a comida. “Era o que eu mais gostava de fazer, e minha irmã também”, disse Sirlei. “Gostamos tanto que continuamos nós duas cozinhando, ganhamos a vida trabalhando com a cozinha”. Ela, inclusive, participou e ganhou o episódio 27 da 3ª temporada do programa Que Seja Doce, do GNT, em 2017 ao lado da filha Giseli Cicolin Salzani.

No programa, Sirlei contou sobre um episódio que a fez ficar de castigo por um mês ajudando na cozinha. “Coloquei fogo no armário de brinquedos e aí me colocaram na cozinha. Foi aí que passei a amar a culinária. Ganhei minha vida, paguei minha aposentadoria, paguei a faculdade dos meus filhos, então sou grata por isso”.

 

Sirlei e a filha Giseli. Foto: Acervo pessoal.

 

Outra coisa que animava Sirlei quando criança era participar das celebrações religiosas vestida de anjinho. “Desfilávamos nas procissões, Primeira Comunhão, e eu adorava sair de anjo”, conta.

Os domingos também eram especiais. “As meninas de fora vinham fazer catecismo e elas ficavam até a hora do almoço brincando com a gente, era uma distração para nós”, relembra ela, com carinho.

 

Sirlei é a segunda menina da fileira da direita, desfilando em 1955. Foto: Página Araras - suas histórias e seus encantos.

 

História

A residência de Benedita Nogueira foi transformada no Asylo Santo Antônio após a morte da benemérita, em 1921. A inauguração ocorreu em 1929. Já em 1948, o local foi rebatizado como Educandário Benedita Nogueira e abrigava meninas órfãs.

A construção datada de meados do século XIX integra o hall dos patrimônios históricos e arquitetônicos de Araras e é tombado pelo Comphac (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural). Na década de 70, foi expropriado e passou a ser do munícipio com o nome de Solar Benedita Nogueira.

Desde 2016, o local hospeda a Casa da Memória “Pedro Pessotto Filho” e está aberto à visitação do público, com exposição que conta a história do prédio e também da cidade de Araras. Em agosto de 2025 o local passou a sediar também o Gabinete do Prefeito e as secretarias de Governo, de Justiça e de Comunicação, além da de Turismo que já funcionava no espaço.

 

Casa da Memória “Pedro Pessoto Filho”

Aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h

Praça Calçadão Monsenhor Quercia, s/n, Centro

Agendamento para grupos - (19) 3544-8156

 

Secom/Prefeitura de Araras